Além do que se vê
Quando li pela primeira vez “O retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde, me apaixonei pelo universo cheio de luxúria, amores proibidos, sexualidade e, claro, vaidade. Lembro de pensar no motivo de alguém não querer envelhecer nunca, ou porque um terceiro veio com essa proposta para um outro que estava ali, nos anos onde as pessoas costumam chamar de “os melhores” e fez uma proposta tão indecente.
O envelhecimento costuma ser uma questão que eu já não vejo apenas como o acúmulo de rugas, mas sim, como uma negação à sua história pregressa.
Seria a “pele de bebê” uma tentativa de apagar todos os erros e acertos de uma vida?
Me considero uma pessoa vaidosa desde muito nova, mas hoje, com meus quase trinta anos, ando olhando com um olhar diferente para aquele reflexo que vejo todos os dias enquanto escovo os dentes. Antes, as pequenas dobras em volta dos meus olhos não apareciam, mas hoje marcam presença. Minha barriga e coxas estão maiores do que antes, meu cabelo cacheado, meus dentes que passaram por mais uma leva de aparelhos ortodônticos, mas que mesmo assim eu não apagaria tudo o que me trouxe até aqui.
Venho tentando fazer as pazes antes que eu me sinta refém de uma agulha de ácido hialurônico, antes que não me deixem observar os cabelos brancos que começarão a surgir, antes de minha pele se tornar fina como um papel.
E se lá atrás, Dorian Gray não tivesse olhando tanto pra si, se não brincasse de Ícaro, se não se espelhasse em Narciso, se o outro não o fizesse pensar na eternidade, será que ele teria feito as pazes com a própria imagem? Ou até mesmo teria tido a chance de não ter problema dela se dissipar?
Episódio novo
Decidi falar um pouquinho sobre esse assunto que anda sendo bem caro a mim pra trazer o episódio da quinzena, onde conversei com a Angélica Souza sobre beleza e algo que vai muito além do espelho: quem ela é atrás da maquiagem.
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Por hoje é só
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Estou muito feliz em estar de volta! Nos vemos na semana que vem. Até lá!