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Andar pela mesma cidade pode trazer sentimentos que antes não tínhamos.
Há quatro anos me mudei para o centro de São Paulo, sonho antigo que ficava mais intenso toda vez que pegava ônibus e metrô por pelo menos duas horas todos os dias para ir ao trabalho.
Até hoje me surpreendo quando vejo que posso fazer a maior parte das coisas andando. Volto da terapia, vou ao shopping, cinema, cafés e supermercado simplesmente pegando minha carteira e seguindo por uns cinco ou dez minutos. Isso inclusive me mostrou as chances que eu tenho de me atrasar, já que sempre fico impressionada com o tempo que levo até os lugares. O sentimento de ir andando ao cinema num domingo à tarde é uma das coisas que mais me sensibilizam. Sentir que a arte tá tão perto de mim e é só ir até ela, me traz uma felicidade que eu não sei descrever.
Nessas mudanças de apartamento, acabamos ficando mais perto de uma coisa ou outra e paramos de visitar aquelas que antes íamos com frequência. Tem um café que eu já gostava muito quando morava longe, mas acabei virando vizinha. Hoje, depois de dois anos indo com menos frequência, voltei a frequentar. O café continua tão gostoso quanto eu me lembrava, os atendentes seguem em sua maioria os mesmos, o chocolate quente com paçoca continua aquecendo minha barriga e coração toda vez que peço numa noite fria. O lanche de pesto, queijo e tomate segue sendo o meu preferido da casa.
Ali, naquele café, eu vi vários vislumbres de quem eu queria ser. Lembro de sentar naquelas cadeiras e sonhar em como seria a minha vida se eu pudesse ter a chance de estar ali sempre que eu quisesse, como eu seria se fizesse as coisas com calma, sem a exaustão do trajeto. Acho que todas essas coisas contribuem com a minha paixão pelo centro velho, que eu sempre vi como um mundo mágico, onde todas as coisas acontecem, mesmo que a violência e lixo morem em cada esquina de um prédio velho que poderia muito bem ser cuidado e virar patrimônio histórico.
Me ver como extensão da cidade é uma das formas que eu me reconheço mais como cidadã. Andar pelas ruas observando quem está transitando, quais prédios foram demolidos, quais ainda resistem, os cafés e padarias que surgem, os que fecham, costureiras que seguem fazendo o seu trabalho mesmo num momento onde tudo é descartável.
A cidade e eu nos tornamos uma só, eu reconhecendo suas falhas, e ela expondo as minhas.
Semana sim
No novo episódio do podcast, conversei com a Gaia Passarelli, que é amiga, escritora, comunicadora, apresentadora e meu deus, o que essa mulher ainda não fez? Falamos sobre memórias afetivas em relação à leitura, escrita e também em como ela segue registrando suas memórias em diários (e como esses momentos acabam indo parar na newsletter). Ouçam e depois venham me contar o que acharam!
Chegou por aqui
A editora Aleph acabou de me mandar os recentes lançamentos: Nova, de Samuel R. Delano, uma Space Opera que passa no século 32, onde a humanidade agora transita por diversos mundos. Há uma rivalidade entre dois homens importantes e assim nasce uma guerra econômica.
Já Filhos da Esperança, se passa num momento onde nenhuma criança nasceu nos últimos vinte e cinco anos, assim, a raça humana está prestes a ser extinta, mas duas pessoas se encontram e podem mudar o futuro da humanidade.
Obrigada, Aleph pelos presentes!
Por hoje é só
Obrigada por chegar até aqui! Semana passada não consegui escrever cartinha pois a rotina me engoliu, mas estou muito feliz de conseguir voltar e dividir mais coisas que estão passando aqui dentro. Se quiser me seguir nas redes sociais, é @jesticacorrea em todas elas.
Até semana que vem!
Gostei do seu texto: simples, fluido, sem crises existenciais, gostoso de ler. Obrigada!😉
Me enxerguei muito nesse texto! Sinto a mesma relação com a cidade e um desejo de vida que tenho é morar num lugar onde posso fazer tudo andando ou no máximo pegando uma bicicleta.