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Dia desses passei em consulta com meu psiquiatra que me trazia boas novas; finalmente faria o desmame da medicação. Conversamos muito sobre o momento em que eu estava, que as coisas andavam bem, mas é claro, com seus percalços no meio do caminho.
Retirar uma medicação não é apenas físico, mas também um preparo mental para entender que eu não teria mais aquela ajuda. Aquele comprimido que todos os dias eu tomava no café da manhã, não seria mais ingerido e de uma certa forma, pararia de fazer parte da minha rotina. Eu deveria estar muito feliz pela notícia, mas como eu sou uma pessoa que passou por maus bocados em relação a saúde mental, pará-lo anda me dando alguns receios.
Falamos também sobre onde eu estava descontando a minha ansiedade, já que ela tinha parado de aparecer nas coisas que me incomodavam - disse que de alguma forma ela estava no meu bem estar. Peguei forças que eram usadas para minha destruição financeira, mental e corporal e foquei em cuidar de mim, mesmo que isso me fizesse abrir mão de várias coisas que não me pareciam possíveis.
Olhar pra trás e ver o meu avanço psicológico é aliviante e libertador, mas por outro lado também percebo que de alguma forma eu terei que me desvencilhar de algo que eu enxergava quase como um traço de personalidade: a tristeza.
Parece contraditório dizer que estou triste por não estar mais sentindo o nível de tristeza que senti, mas essa fui eu durante vinte e oito anos (pelos menos uma boa parte deles) e é estranho abrir mão de algo que parecia tão eu. Eu estou feliz por estar bem e calma, mas ao mesmo tempo parece que eu não conheço quem eu me tornei.
A ansiedade é como se fosse um cachecol que vivia no meu pescoço e a tristeza meias quentes que me confortavam quando as coisas não andavam bem. Só que nessa analogia, o cachecol tinha vontade própria e me sufocava, e as meias esquentavam no meio da noite e não me deixavam triá-las. Nem tudo que reluz como confortável é.
Focar minhas forças em continuar bem, cuidando de mim e dos meus, é o que eu mais quero fazer daqui em diante. Que essa tristeza que eu achava que era eu, seja apenas uma roupa que não me cabe mais.
A saída tá logo ali, eu preciso escolher passar por ela.
Pra ouvir
Agora além da cartinha, vocês podem acompanhar minhas reflexões em dois lugares (e que estão com episódios novos!) que é no podcast Entre Um Chocolatinho e Outro e também no O Alvissareiro.
No último episódio do chocolatinho, falei com o André Alves, pesquisador e psicanalista de como somos influenciados por filmes e séries em relação ao nosso comportamento:
E no Alvissareiro, falamos com o Cris Dias, criador de conteúdo, escritor, podcaster e um montão de outras coisas sobre a meia idade dos milennials. Já parou pra pensar que Artic Monkeys já é considerada banda de tiozão?
Por hoje é só
Obrigada por chegar até aqui! Sei que a frequência anda menor do que em outros tempos, mas é que estou tentando criar uma forma saudável de deixar minha marca da internet junto dos meus trabalhos pagos.
Se quiser falar comigo, é só me procurar em todas as redes como Jesticacorrea. Ah, pode deixar um comentário aqui na caixa de mensagens do substack que vou adorar ler!
Um beijo e até semana que vem!
"Que essa tristeza que eu achava que era eu, seja apenas uma roupa que não me cabe mais."
Pra imprimir e botar num quadrinho na parede pra ler todo dia <3
Quando recebi um diagnóstico de depressão grave fiquei bem surpresa, porque sempre me senti triste e diferente da ansiedade, não é algo que me incomoda. A tristeza é tipo um modus operandi.