Se alguém me disser que não se importa com a opinião dos outros, eu já nem levo em consideração porque sei que está mentindo. Ela pode se achar a pessoa mais bem resolvida e com a autoestima em dia, mas pra alguém, nem que seja pra uma pessoa, ela pensaria sobre o que essa pessoa iria pensar. O ser humano é feito de escolhas, comparações e desejos no campo imagético e físico, e o sentimento de pertencimento é um dos mais fortes nisso tudo. Não sou eu que estou dizendo, é a ciência.
Eu estava ouvindo um podcast chamado “Além do Meme” que é do jornalista Chico Felitti, e tem um episódio que me pegou muito desprevenida. E foi esse aqui:
Você já deve ter passado por algum gif do Rodrigo Apresentador. Ele era conhecido também como Rodrigo Xuxa, já que fazia cover da cantora (e apresentadora). Mas porquê eu estou falando dele? Basicamente porque mexeu muito comigo, da mesma forma que o livro do Haruki Murakami que comentei numa newsletter passada (o livro é o “o que eu falo quando falo de corrida”).
Rodrigo sempre quis ser artista, desde criancinha. Decorava as revistas que contavam os finais de novela, como eram os sets de filmagens de canais brasileiros, e até mesmo se apresentava na escola que estudava, transformando tudo no seu grande show.
Mas o que mais mexeu comigo nessa história toda, foi que Rodrigo, hoje Apresentador, antes Xuxa, corre atrás do seu sonho mesmo que ninguém o acompanhe. O que importa não são os milhares de views ou seguidores. O seu canal no YouTube é super pouco frequentado, ele faz a produção inteira, desde roteiro, cenário, direção, tudo sai da cabeça dele. Obviamente que a fama traria louros que o anonimato não traz, mas o fato dele continuar fazendo mesmo que esses louros não apareçam é inspirador demais. Ele faz porque quer, e na verdade, de uma certa forma, porque precisa. Criar é a parte importante pra ele, e isso ele nunca deixou de fazer por causa de números. O fato de fazer, do jeito que quer, como quer, é muito inspirador.
Eu fico aqui pensando em como com os anos eu fui ficando cada vez mais medrosa. Quando adolescente eu experimentava nas aulas, de fazer um vídeo inteiro pra entregar uma pronuncia pra aula de inglês, ao envelope que eu iria entregar o Cd com essa mesma gravação dentro. Fico pensando nas fotos e poses que fiz no espelho, usando uma cybershot e me sentindo super criativa. Ah, e eu não tinha vergonha nenhuma de postar! Isso eu fico impressionada. Eu achava que com os anos eu ficaria cada vez mais leve e livre pra fazer o que eu quisesse, mas chegou um momento que eu me vi presa no próprio cercado que eu mesma construí pra mim, um cercado com regras que não existiam, mas eu jurava que caberia nelas. E porque a gente faz isso?
Quando eu pensei no título dessa edição da newsletter, foi basicamente o sentimento que tive desde quando o assunto surgiu na minha cabeça. Ninguém se importa, para o bem e para o mal. Ninguém se importa que você vai postar conteúdos elaboradíssimos, ou só uma selfie. Ninguém se importa. Ninguém se importa que você testou um novo formato pra redes sociais “ah, mas eu só faço podcast!” Cara, ninguém se importa. A gente fica tão preso nas opiniões alheias como se a vida das pessoas fossem completamente viradas para nos assistir, como se nós fossemos o show. E o quanto que isso não é egocêntrico? Dói bastante pensar por essa perspectiva, mas é verdade. O ego que constrói essa nossa imagem imaculada, como se fossemos gênios dentro das nossas próprias cabeças, como se as pessoas fossem pensar o pior de nós por experimentar. Ninguém se importa. O olhar do outro em nós fala mais sobre ele do que sobre a gente. Quando julgamos alguém, também apontamos o dedo pra algo que nos incomoda em nós. Na verdade, quando a gente fala que temos vergonha do outro, nós temos vergonha e medo de nós mesmos, do nosso fracasso, afinal, não dá pra fracassar se você não experimentar.
Dica da semana
Eu amo os vídeos do meu amigo Thiago Guimarães, tanto que eu guardo para ver com atenção quando estou mais tranquila. Ontem vi o último que ele lançou falando sobre golpistas. O que mais me impressiona são os caminhos construídos com algo que a gente não imagina, e esse vídeo foi um deles. Assiste lá!
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E lá vamos nós
Vou ficando por aqui, mas espero sua cartinha me contando o que achou da newsletter de hoje, tá bem? Um beijo, se alimentem bem e leiam alguma coisinha antes de dormir!
Por reprimir o que realmente queremos fazer torna nossa vida social um saco, porque não nós sentimos confortáveis pensando com que o outro vai pensar. E é o que a Jes disse, ninguém se importa com o que você está fazendo, e se importar provavelmente vai ser seu amigo ou alguém que goste do conteúdo que você está fazendo. Na maioria das vezes, porque sabemos muito bem o que os haters são, quem não gosta do seu trabalho não vai dar a mínima e vai procurar outra coisa que o agrade. Então citando Menudo, não se reprima.