Eu quero acreditar
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Eu nunca fui uma pessoa religiosa. Na minha família, era comum integrantes distintos irem em busca de alguma fé que fizesse sentido, e eu, enquanto criança que precisava ser cuidada, era levada para cada uma dessas reuniões.
Fui em missas católicas, centros espíritas, reuniões de budismo e até mesmo fiz uma visita a igreja evangélica, mas nenhuma delas falou comigo. O máximo que me impressionava eram os alienígenas que apareciam no programa “Linha Direta".
Fui crescendo, as dificuldades aparecendo, e mesmo assim eu não conseguia crer. Era muito difícil pra mim acreditar que algo além do que eu via existia, que tinha um ser superior que ficava ok com toda a desgraça e destruição que acontecia no Mundo. Eu nunca fui a fundo para descobrir a justificativa de cada uma dessas entidades, mas percebi que fui sentindo falta de crer durante os anos.
Sentia que era muito pesado acreditar que eu era responsável por tudo que acontecia comigo.
Não precisava ser uma crença fundada em alguém, poderia ser em mim mesma. No modo mais egocêntrico que posso pensar, eu achava que poderia resolver tudo sozinha, mas é claro (e a vida foi me mostrando), eu não podia.
Decidi começar crendo nos meus amigos, em saber que eles estavam ali para o que eu precisasse. No meu namorado da época, eu tinha decidido crer em um homem por vez. E por último, com certo medo, em mim.
Hoje posso dizer com tranquilidade que esse meu pavor em crer diminuiu muito, mas ainda não foi embora. Continuo tendo dificuldades em acreditar que sou boa no que faço, que consigo me manter viva e bem, que consigo ser uma amiga e namorada presente.
Mas o desconhecido ainda me fascina, eu vou continuar a procura, mesmo que seja para aprender. Que sejam alienígenas, astros, natureza, oráculos, pode ser que em algum deles more a resposta. Ou não.
Continuo sendo cheia de incertezas, mas eu quero acreditar.
Para ler, ver e ouvir
Guilherme Arantes (1976)
Dia desses meu namorado estava cozinhando e ouvindo música enquanto eu estava na sala fazendo qualquer outra coisa, então começa uma música familiar, depois outra que nunca tinha ouvido mas achei linda. Dias mais tarde me peguei viciadíssima nesse disco do Guilherme Arantes, que parece um greatest hits de tanta música boa!
Fome de Viver - The Hunger (1983)
Sabe aquele filme que a gente quer ver mas sempre joga pro futuro? Fome de viver era um deles, e que pena não ter visto antes! O filme conta a história da vampira Miriam (Catherine Deneuve) que tem um relacionamento com o vampiro John (David Bowie) e os dois vivem uma vida boêmia e aproveitam para se alimentar durante essas saídas. Logo aparece Sarah (Susan Sarandon) que desperta o interesse de Miriam. Ah, a trilha é recheada de músicas da banda Bauhaus, que deixa tudo com um clima muito mais gótico como o filme pede.
Você consegue alugar em vários serviços de streaming.
Poeta Chileno - Alejandro Zambra
Pode parecer que esse livro é só uma declaração de amor a todos os poetas chilenos, mas é muito mais do que isso. Nele, a gente tem famílias formadas por pessoas que se amam, gatos imortais, o desejo de exploração de uma viajante, egos de homens machucados, viagens para dentro e para fora. Se eu pudesse te indicar um livro só para ler esse ano, com certeza seria Poeta Chileno.
Por hoje é só
Essa semana tem episódio novo do nosso podcast, então fica ligado no seu player favorito (mas pode deixar que venho avisar por aqui também).
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