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Com a xícara de café recém preparada, eu sento todos os dias na minha mesa de trabalho e começo olhando os e-mails. Tem dias que eu percebo que não disse uma palavra até umas seis da tarde. Falo alguma coisa, ouço a minha voz com uma rouquidão que me estranha.
Ao mesmo tempo que amo a minha rotina, amo trabalhar sozinha, sinto muita falta da troca. Tenho clientes que não sabem qual é a minha voz, apenas meu rosto por uma pequena foto de perfil no aplicativo de mensagens. Me sinto uma ideia, algo não palpável que divide suas capacidades profissionais com estranhos.
Quem está do outro lado da tela?
Pauso às treze para almoçar. Preparo com carinho e um pouco de pressa, lavo a salada e os morangos que serão batidos com leite na parte da tarde em uma vitamina. Mais uma leva de silêncios envoltos do azeite estalando na frigideira.
Passo o dia ouvindo vozes na minha cabeça, das que dou risadas e daquelas que me fazem pensar. Levo para terapia coisas que ouvi endereçadas a alguém que não sou eu, mas pego para mim como um presente.
O dia continua, enquanto eu atravesso timelines cheia de histórias de pessoas que nunca vi. Os relatos banais são os que mais me deixam felizes, sabendo que não estou sozinha nessa. A sensação de alguma forma, é de estar em pé do lado do filtro de água ouvindo as amenidades de uma pessoa que você não conviveria por espontânea vontade fora dali.
Duas horas no trânsito, transporte público cheio, marmita feita no dia anterior na bolsa e o os olhos cansados de não ter podido continuar aquele sono que estava tão bom. Não sinto nenhuma falta disso, mas os almoços com pequenas caminhadas no bairro trazem saudades.
Ser do coletivo molda uma boa parte da minha personalidade. Eu não sou sem os meus, então, essa falta diária pesa de vez em quando.
Sigo quietinha no meu dia a dia, falando uma bobeira em alguns stories, para continuar sem pirar. As vozes que entram pelos fones de ouvido se juntam às minhas personas e combinam de serem amigas por aquele dia. Sigo vendo vídeos rápidos de pessoas dividindo a vida.
Falam que nunca estamos felizes com o que temos, eu estou, mas isso não quer dizer que não podemos sentir falta de uma coisa ou outra. Sentir saudades também é, de alguma forma, se sentir vivo.
Por hoje é só
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Até semana que vem.
Vivo uns dias bem assim. E gosto até. <3
Você resumiu a minha vida! Amo meu trabalho e o privilégio de trabalhar de casa, mas sinto muita falta do convívio social diário e de ter colegas de trabalho (assim como você, sou prestadora de serviço).
O engraçado é que eu sempre me vi como uma pessoa introvertida e que foge de grandes aglomerações sociais, mas a verdade é que eu sinto muita falta das pequenas trocas diárias, das pequenas conversinhas sem importância, dos "você não sabe!" e "menina, nem te conto!".
As redes sociais são meu cantinho do café (toda vez que te respondo por aqui também é um cafezinho), por isso passo tanto tempo nelas, às vezes mais do que devia. Moro sozinha e, como raramente vejo amigos nos dias úteis, é comum passar a semana inteira falando só com o cachorro e dando bom dia pros porteiros e pros caixas do mercado.
É na relação com o outro que a gente existe, né?