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Telefone descarregando, coloco na tomada e olhando atentamente a ele, a barra começa a se mexer e penso “será que uso ele assim mesmo?” mas decido que não. Pego o livro que guardo debaixo do travesseiro, leio três páginas e olho de novo para aquele retângulo espelhado repousado sobre a mesma - será que aconteceu algo nesse meio tempo?
Ficar pulando de aplicativo a aplicativo, vendo pessoas diferentes falando sobre coisas diferentes, com ou sem conhecimento do assunto, me faz sentir que estou perdendo o controle do que consigo ou não fazer, e volta uma sensação que conheço a tempo demais: a ansiedade.
Venho falando muito sobre o uso de celular aqui, mas acredito que seja um reflexo do que anda me incomodando sobre mim ultimamente - além de todos os outros defeitos - vejo que a minha atenção anda fugindo pelos meus dedos. O problema além das mil horas de tela de algo que não vai me trazer nada de bom, no máximo alguma crise de ansiedade por não viver uma vida que aparentemente muita gente vive, é que ando ficando desatenta, e não só isso, eu ando perdendo o presente.
Sempre que passo por um período mais ansioso, percebo que velhos hábitos começam a dar as caras: redes sociais, beliscar comida que não está no plano alimentar, roer as unhas, pensar excessivamente sobre algo que claramente não tem tanta importância assim, e por último, sentir que não estou vivendo o agora.
Muita gente (eu inclusa) costuma reclamar da falta de tempo, como é impossível pensar em uma alimentação balanceada para a semana, fazer alguma atividade física ou ter algum hobbie, mas, fazendo até mesmo uma pergunta retórica - onde estamos depositando nosso descanso e lacunas de tempo?
Falei de telas porque sei que as redes sociais costumam ser o lugar de desopilação - comentar o assunto do momento, ler o que seus amigos responderam, ver mil vídeos de 3 minutos de forma acelerada nos ajudam a parar de pensar nos nossos próprios problemas, mas exatamente esse comportamento nos tira a possibilidade de parar e pensar em como resolvê-los, como parar de remediar um sintoma que só se intensifica com esses hábitos.
Tomar responsabilidade pelos nossos atos traz sentimentos agridoces, nunca é fácil olhar para trás (ou para o agora) e perceber que não fizemos algo que pudesse mudar a nossa realidade, mas nos apagar como indivíduos e nos juntar como uma massa densa de pessoas, posts e pensamentos torna tudo pior. Colocar na conta do outro não apaga o que já foi feito.
Não estar presente no hoje me faz perder tudo aquilo que um dia sonhei e se tornou realidade, não presto atenção no apartamento que quis tanto montar e morar sozinha, nos meus gatos que ronronam e se espreguiçam quando me veem, quando lavo meus cabelos e uso aquele shampoo que eu queria tanto, quando preparo um café que é um dos meus favoritos e hoje consigo tomá-lo todos os dias.
Nisso de ficar focando no futuro, no que pode acontecer, no que pode ser feito, ou no passado, no que eu não fiz, no que eu poderia ter feito diferente, acabo não vivendo as decisões que tomei e que se transformaram no que está acontecendo agora e no que eu sou hoje. Viver no automático nos tira a possibilidade de perceber que estamos vivendo a vida dos nossos sonhos.
Episódio novo no ar
Eu, Gabriel Prado e Luiz Yassuda voltamos para os quatro episódios finais da primeira temporada do O Alvissareiro, e nesse episódio falamos sobre como a geração mais nova está lidando com faculdade e mercado de trabalho nos dias de hoje.
Anda tocando por aqui
Black Alien me pegou de jeito quando ouvi esse disco pela primeira vez, acredito que eu tenha olhado com mais carinho para o rap depois dele. Indico você dar uma volta na rua com seus fones tocando essa preciosidade (depois me conta se não foi incrível).
Por hoje é só
Espero que tenham gostado da cartinha e como sempre, se quiser me contar o que achou, pode responder o e-mail, deixar na caixinha do substack ou me mandar nas redes sociais - é @jesticacorrea em todas elas.
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Até semana que vem!
Oi, Jess!
Não sei se posso dizer que adorei perceber que meus anseios são parecidos com os teus - afinal, são anseios, rss. Tenho tentado tomar cuidado com a busca desenfreada pelo utilitarismo em tudo o que faço. Às vezes tá tudo bem ficar scrollando sem parar!
Beijosss