A solitude
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Olhei para trás, fechei a porta e não imaginava o que viria pela frente.
Eu nunca fui do tipo de pessoa que não consegue lidar com a própria companhia. Acredito que por ter passado muito tempo no meio dos livros da biblioteca, ou fugindo da relação familiar que não me cabia, fui construindo essa relação saudável comigo mesma, com essa tranquilidade que não é precisar estar no mesmo ambiente que outra pessoa. Mas, depois de um relacionamento de quase dez anos, nada mais normal do que eu me ver me redescobrindo, tentando achar essa Jessica que se perdeu no emaranhado de sentimentos e convívio.
Quando terminei esse relacionamento, lembro que aluguei um quarto e fui passar três dias, para ganhar um espaço e alívio momentâneo, despressurizar a cabeça. Levei dois livros que não foram lidos, passei no mercado e comprei bolachas e salgadinhos que não comia há anos, levei o suficiente para que se eu precisasse, poderia fugir sem olhar para trás. Mas é claro, isso tudo nada mais era do que uma fantasia, já que eu ainda tinha uma boa relação com meu ex e eu tinha meu lugar no mundo, minhas coisas e minha casa, mesmo que dali semanas ela já não existisse mais.
Mas eu gosto de olhar pra trás e ficar orgulhosa com esse sentimento de emancipação que senti no dia, de perceber que mesmo que tudo desmoronasse, mesmo que todas as pessoas do mundo desaparecessem, eu continuaria ali. Mesmo que eu não me sentisse amada, mesmo que eu não fosse procurada, estava tudo bem: eu continuava ali.
Essa construção nem sempre é fácil, muitas vezes tive que pedir para minha cabeça dar um tempo com os pensamentos pesados, mas como disse Black Alien uma vez, "não posso fugir de mim mesmo eu sei, nunca mais é tempo demais". Hoje sinto que várias dessas cicatrizes curaram, criei novas no lugar delas, mas sempre feliz de estar na minha própria companhia.
Para ouvir
No episódio da quinzena falei com a influenciadora digital Jeska Grecco sobre seus hobbies, paixões e também sobre curtir tanto a própria companhia. A conversa tá muito legal e você pode ouvir aqui:
Essa semana voltou o podcast que edito (e amo) falando sobre felicidade:
Chegou por aqui
A editora Nós me mandou dois lançamentos: A Analfabeta, de Ágata Kristóf, que narra sua infância vivida na segunda guerra mundial e que está a procura de uma pátria para chamar de sua enquanto se vê obrigada a aprender russo.
Já em O dia em que apagaram a luz, Camila Fabbri conta como foi a tragédia que aconteceu na casa de shows República Cromañón na Argentina e deixou muitos feridos, alterando para sempre a vida dos jovens daquele lugar.
Por hoje é só
Eu vou acabar sendo repetitiva dizendo que estou feliz de estar de volta, mas é porque eu estou mesmo. Se você gostou da cartinha ou do podcast (quem sabe os dois?) me conta nos comentários? vou adorar saber!
Você me encontra em todas as redes sociais como jesticacorrea .
Até semana que vem.